Em uma era onde a tecnologia está tão presente em nossas vidas não é raro vermos circulando todo tipo de conteúdo pornográfico. Existem grupos nas redes sociais cujo foco é unicamente o compartilhamento desse tipo de material. A novinha safada, a vizinha gostosa, a gata da academia...
Infelizmente, ninguém está isento de passar por essa situação. E para nós, mulheres, a situação é ainda mais humilhante. Nenhum homem que teve sua intimidade vazada vai se preocupar com o que os outros vão pensar, com o que as pessoas nas ruas vão dizer. Mas para o "sexo frágil", como sempre, o buraco é mais embaixo:
- Olha lá a cachorra que teve o vídeo vazado!
São tantas ofensas, tanto repúdio, tanta ignorância que não dá nem para falar aqui. A vítima, "é claro", é a culpada. Até parece que a gente não conhece bem essa situação de tanto ver, ouvir falar, ou até mesmo passar por esse pesadelo.
Eu reforço que ninguém está isento. Da menina anônima a casais famosos, todos estamos sujeitos a este tipo de exposição. Quem não se lembra do recente caso de Stênio Garcia e de sua esposa, que tiveram fotos íntimas espalhadas pelo técnico de celular? Ou ainda do caso Carolina Dieckmann? Esta foi na justiça e conseguiu uma lei que criminaliza a invasão de computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos pessoais, e a divulgação/compartilhamento de documentos, imagens e outras informações. É a Lei nº 12.737/2012, também conhecida como Lei Carolina Dieckmann.
Acho que o que mais complica a situação, o que mais magoa, é quando quem espalha é alguém que conhecemos e até mesmo confiamos. Mais grave ainda quando é por vingança. Isso só mostra a tremenda falta de caráter de quem divulga, seja homem ou mulher. E não é só quem joga na rede que é culpado; aqueles que compartilham - ajudando o conteúdo a viralizar na internet -, curtem, comentam, ou até mesmo só assistem sem esboçar nenhuma reação de solidariedade com a vítima, também são coniventes e, portanto, culpados.
Há casos em que não é a imagem da pessoa que é vazada, e sim intimidades a dois que são contadas a amigos sem a menor cerimônia pelo (a) parceiro (a) ou ex-parceiro (a), ferindo a dignidade da pessoa exposta. Normalmente acompanhadas dos comentários maldosos que já estamos todos cansados de ouvir - e que não irei reproduzir aqui.
A rede, ao mesmo tempo em que é uma ferramenta útil e importante, é também uma arma carregada e engatilhada, onde basta apenas um escorregão do dedo e ela atira, postando coisas que depreciam, ofendem e humilham o próximo, este, 90% das vezes, é mulher.
Devemos preservar a nossa imagem e a do próximo, não postando, curtindo e compartilhando coisas do tipo; além dessas precauções, devemos, é claro, denunciar o (s) autor (es) de um crime como este, tão grave e, infelizmente, tão comum!
Nathalie Louzada
A Editora Arqueiro lançou este mês os livros Intenso e Profundo, da autora Robin York, que conta a história de uma garota que tem sua intimidade vazada na internet pelo seu ex namorado como forma de vingança.
Abaixo, uma nota da autora que vale a pena ler.
Queridos leitores,
O que aconteceu com Caroline se chama "vingança pornô" ou "pornografia não consensual", e é uma droga. É também perfeitamente legal em todos os Estados Unidos, com exceção de Nova Jersey e Califórnia.
Vingança pornô é uma forma de abuso que usa imagens sexuais sem o consentimento da pessoa retratada como forma de constranger, ferir e denegrir a vítima. Acontece o tempo todo, abertamente, com o consentimento do sistema legal norte-americano.
Isso precisa parar.
Se quiser saber mais sobre o assunto ou emprestar sua voz para apoiar a criminalização da prática, peço que visite o site End Revenge Porn (www.endrevengeporn.org), uma campanha que tem a finalidade de dar visibilidade à questão, apoiar as vítimas e fazer campanha junto a legisladores para modificar a lei.
Com carinho,
Robin York
Parabéns Nath pelo excelente texto! Infelizmente essa é uma realidade cada dia mais frequente.. Texto maravilhosamente produzidooo :)
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