Resenha: A Menina Submersa

Título: A Menina Submersa
Autora: Caitlin R. Kiernan
Editora: DarkSide® Books
Páginas: 320
Ano: 2015

Sinopse: A Menina Submersa - Memórias' é um verdadeiro conto de fadas, uma história de fantasmas habitada por sereias e licantropos. Mas antes de tudo uma grande história de amor construída como um quebra-cabeça pós-moderno, uma viagem através do labirinto de uma crescente doença mental. Um romance repleto de camadas, mitos e mistério, beleza e horror, em um fluxo de arquétipos que desafiam a primazia do 'real' sobre o 'verdadeiro' e resultam em uma das mais poderosas fantasias dark dos últimos anos. Considerado uma 'obra-prima do terror' da nova geração, o romance é repleto de elementos de realismo mágico e foi indicado a mais de cinco prêmios de literatura fantástica, e vencedor do importante Bram Stoker Awards 2013. A autora se aproxima de grandes nomes como Edgar Allan Poe e HP Lovecraft, que enxergaram o terror em um universo simples e trivial - na rua ao lado ou nas plácidas águas escuras do rio que passa perto de casa -, e sabem que o medo real nos habita. O romance evoca também as obras de Lewis Carrol, Emily Dickinson e a Ofélia, de Hamlet, clássica peça de Shakespeare, além de referências diretas a artistas mulheres que deram um fim trágico à sua existência, como a escritora Virginia Woolf.

Nenhuma história tem começo e nenhuma história tem fim. 

Nesse livro conhecemos India Morgan Phelps (Imp), esquizofrênica, carrega uma triste herança de ser filha e neta de esquizofrênicas que se suicidaram. Imp está a par da sua condição mental, faz tratamento psicológico, toma seus remédios e luta contra o desejo de suicídio o tempo todo. 

Minha avó Caroline[...] também era maluca, mais morreu na própria cama[...] No bilhete de suicídio, agradeceu minha mãe e minhas tias por não a mandarem para um hospital de doentes mentais, onde ela teria sido obrigada a viver, mesmo sem poder suportar mais[...] 

Quem nos conta essa história é a própria Imp, que está escrevendo um livro sobre o que acontece com ela. Um livro dentro de um livro. Como ela mesmo fala nesse livro nós temos que decidir entre acreditar ou não, no que é ou não real dentre todos os pensamentos da personagem, pois ela mesmo explica que por culpa de sua confusão mental ela não sabe se o que escreve é real ou não e se confunde fácil com datas e acontecimentos. 

“Acho que andei contando mentiras”, datilografa Imp 

Imp começa a escrever sobre si após um acontecimento um tanto quanto peculiar. Um dia em um dos seu passeios noturnos, Imp encontra uma mulher parada numa rodovia na beira da pista, nua, molhada e a leva para casa. Essa mulher Eva Canning, para ela é uma garota, uma sereia, um lobo e a razão de Imp escrever o livro e enfrentar as maiores crises mentais que ela viria a enfrentar na sua vida. Eva é literalmente, a razão desse livro existir. È uma dentre todos os fantasmas que existem em torno de Imp. 

“Vou escrever uma história de fantasmas agora”, ela datilografou. “Uma história de fantasmas com uma sereia e um lobo”, datilografou mais uma vez. Eu também datilografei. 

Os personagens que compõem esta obra além de Imp é Eva uma mulher que ela acredita ser na verdade duas e que a leva á toda essa confusão mental e Abalyn. Abalyn foi namorada de Imp durante algum tempo, elas se conhecem durante uma das voltas de Imp. Abalyn foi expulsa por sua ex que a deixou na calçada com seus pertences, vendo isso Imp se comove e resolve acolher Abalyn. 

Bem o meu apartamento não é muito grande. Mas está praticamente vazio porque eu não tenho muitos móveis e não o divido com ninguém[...] 

Eu sei que o que resenhei deu para entender muito pouco do que se trata a história, porém ela tem uma narrativa complexa e no começo é bem difícil entender por conta disso. 

A narradora Imp não tem muita certeza dos acontecimentos então temos confusões na narrativa, falta de informação e a mistura do real com o imaginário. O livro é todo assim, afinal estamos vendo o mundo na perspectiva de uma pessoa esquizofrênica. 

No começo nos sentimos desconfortáveis com isso, porém ao passar do livro vamos nos habituando com os pensamentos de Imp e tudo acaba ficando suportável. 

O difícil do livro, o que as pessoas que não gostaram, não entenderam, é que esse livro foi escrito para te tirar da sua zona de conforto, ele não é um livro que se lê as pressas e nem o tipo de livro que dá para ler sem prestar atenção, eu mesma em alguns momentos tive que reler a pagina pois me perdia no assunto e não conseguia acompanhar o raciocínio. 

Esse método de escrita para mim foi sensacional, nunca li um livro tão complexo, tão diferente e tão rico, a autora ganhou meu coração com toda certeza. 

O título do livro faz menção ao que se passa na história e diga se de passagem, está presente no livro o tempo todo. 

A capa do livro nem se fala é incrível, ainda estou para ver um trabalho da Darkside books ser menos do que sensacional. O livro é capa dura, com gravuras em alto relevo, além disso dentro vem uma folha com o desenho da capa para personalizarmos e um lindo marcador de páginas que pode ficar guardadinho já que no livro vem uma fita para marcar, igual a livros antigos. 

A diagramação está espetacular temos desenhos em algumas páginas, a cada começo do capitulo um desenho de libélulas e em algumas folhas temos até desenhos de inseto, além disso a fonte é de um tamanho ok e o acabamento das folhas é rosa Show. Lendo assim é parece que estou puxando saco da Darkside, mas na verdade estou mesmo, a edição é tudo isso e muito mais. 

Do mais, o que tenho para dizer é: Eu super recomendo esse livro e não só acho, como tenho certeza que deveria ser uma leitura obrigatória a todos. 

Até a próxima resenha 

Beijúh da Rêh 

NOTA: 5