LOU CLARK SABE UMA PORÇÃO DE COISAS.
Ela sabe quantos passos separam sua casa do ponto de ônibus. Sabe que adora trabalhar como atendente em um café e sabe que provavelmente não ama seu namorado, Patrick.O que Lou não sabe é que está prestes a perder o emprego, e que isso a obrigará a repensar toda a sua vida.Will Traynor, por sua vez, sabe que o acidente com a motocicleta tirou dele a vontade de viver. Ele sabe que o mundo agora parece pequeno e sem graça, e sabe exatamente como vai dar um fim a tudo isso.O que Will não sabe é que a chegada de Lou vai trazer de volta a cor à sua vida. E nenhum deles desconfia que esse encontro irá mudar para sempre a história dos dois.
Essa talvez seja uma das resenhas mais difíceis que eu já fiz e acho que será um pouco longa. Comecei o livro já sabendo o final, porque minha tia e minha mãe já haviam lido e eu não sou do tipo de pessoa que se importa muito com spoilers. Mas vamos lá!
O livro a princípio é parado. Não tem muita ação, mas eu entendo, afinal não tem muita coisa que um tetraplégico possa fazer. Will Traynor era um cara que tinha uma vida incrível, praticava todo tipo de esportes e era um empresário rico e bem sucedido. Até que foi atropelado por uma moto e teve uma lesão na C4 e C5 e ficou tetraplégico. O máximo que ele consegue mexer do pescoço para baixo é um pouco de um dos braços e um pouco as mãos. Dois anos preso à uma cadeira de rodas.
Quando Louisa Clark perde seu emprego no café, ela é forçada a aceitar o emprego de cuidadora dele. Ela não leva nenhum jeito pra isso, mas aceita porque precisa muito do dinheiro - e eles pagam muito bem. Veja só: a mãe é dona de casa, o pai ganha pouco e está na berlinda da demissão e, além disso, tem o avô de Lou, que sofreu derrame, e sua irmã mais nova com o filho de 5 anos. De uma casa de 6 pessoas, apenas 1,5 contribuem para o sustento (Lou e o pai, que tem um salário que não é suficiente).
Lou muitas vezes pensa em desistir. Will é super grosso com ela, um chato. Mas o principal motivo da demissão dela se chama Dignitas. Uma clínica especializada em suicídio assistido na Suíça. As coisas que vêm à mente dela são: como que a Sra. Traynor pôde permitir isso? Como que ela acompanhará o filho à essa loucura, ao suicídio? Mas existem muitas, muitas coisas que Lou não sabe.
Quando chega em casa após descobrir isso (ouvindo sem querer uma conversa da Sra. Traynor com a filha), sua irmã, Katrina, praticamente surta. Ela quer voltar a fazer faculdade e Lou é a única que pode lhe proporcionar isso, já que no momento é a única que trabalha (o pai foi demitido). Eu achei Treena muito egoísta. Veja só: ela não se cuidou e engravidou cedo e depois disso não pôde mais trabalhar; é a preferida dos pais e acha que os sonhos dela deve ser prioridades pra todos; e acha que Lou é obrigada a trabalhar num emprego que não gosta pra que ela possa fazer faculdade; sem contar as confusões do quarto - Lou habita um quartinho sem janela e sem espaço para além de sua cama porque a irmã pegou o quarto maior por causa do filho e avô está no outro.
Mas Katrina (pelo menos) acende uma luz para Lou. Ela sugere que Lou tente fazer Will enxergar a vida de outra forma, que ele veja que há possibilidades, há coisas para se fazer mesmo sendo tetra. Principalmente quando o quesito dinheiro não é problema.
A partir daí, Louisa começa a pesquisar na internet e entra em bate-papos com outros tetras e seus cuidadores, conhecendo as experiências de outros deficientes e descobrindo um mundo de possibilidades para Will. E, com isso e com as insistências dele para que ela leia livros, jornais e questione as coisas (bote a cabeça pra pensar!), Lou muda toda a sua perspectiva de vida, que antes, na verdade, era inexistente. Ela passa a ter ambições, a sonhar e a crescer intelectualmente.
E Will se torna mais feliz. Claro que há dias em que ele ainda é um ogro mal humorado, mas ele começa a se divertir, a sair mais de casa, a fazer pequenos passeios e a deixar algumas mágoas se curarem.
Lou termina seu relacionamento de 7 anos com Patrick e se dedica integralmente a Will, a fazê-lo mudar de ideia - mesmo ele não sabendo que ela sabe sobre a Dignitas.
Ela então planeja uma viagem incrível para eles: ela, Will e Nathan, o enfermeiro de Will desde o acidente. Eles vão para as Ilhas Maurício e Will é completamente feliz nos dez dias que eles passam lá.
Mas o relógio não pára. Será que Lou conseguirá fazê-lo mudar de ideia? Será que ele repensará sua decisão quando ela se declarar para ele e dizer que o ama?
Como eu falei antes, o começo do livro é meio parado, mas nas últimas páginas meu coração quase parou de tanta ansiedade. Jojo Moyes nos mostrou todas as dificuldades de um deficiente físico e quando você pára pra pensar na Dignitias e no que muitos tetraplégicos escolhem, não dá pra criticá-los. Deve ser horrível não poder fazer absolutamente nada por conta própria. Ter de ser alimentado e limpado por outras pessoas. É uma decisão extremamente difícil, principalmente para a família. Eu penso muito no seguinte: onde há vida há esperança. Mas em alguns casos, a morte traz descanso, traz paz, finda o sofrimento.
Enfim, apesar de ter demorado bastante para ler esse livro - eu só decidi por conta do filme (eu gosto sempre de ler antes de assistir) - eu super indico e acho que todas as pessoas devem lê-lo e mudar um pouco a visão que tem da vida. É um livro lindo, uma história linda e que, para mim, teve um final feliz.
Validade: 19 de março de 2007
NOTA 5
Vou te dizer que esse livro me fez questionar bastante o conceito de amor ao próximo e egoísmo. Afinal, não seria o que muitos chamam de amor apenas uma forma de nomear mais bonito um sentimento de egoísmo com base no interesse próprio e desejo de não sofrer com a perda do outro?
ResponderExcluirÉ exatamente o que eu penso. Mas eu não aprendi isso com o livro, não. Infelizmente aprendi vivendo situações tão tristes quanto. E quando vc pára pra pensar e se colocar no lugar do outro, e que vê o quanto o ser humano é egoísta de querer manter alguém aqui em sofrimento para não ter que passar pela dor da perda.
ExcluirTô querendo ler esse livro a um tempão! Só vejo resenha positiva e a história parecer ser muito interessante. Agora que li a sua, que está ótima por sinal, vou ver se começo logo.
ResponderExcluirabçs
Obrigada! Leia mesmo, de preferência antes de assistir ao filme. Ele vai te fazer enxergar a vida e o mundo de outra forma.
ExcluirBeijos. Volte sempre.
Nath do céu, eu tenho medooo de ler esse livro!
ResponderExcluirTodo mundo fala muito bem, e cara eu sou terrível para choros compulsivos, fico com dor de cabeça, nariz escorrendo (eca) e com ressaca por dias, to guardando ele para ler quando não tiver uma fila tão grande... E quando esteja em casa sozinha para não parecer uma mulherzinha... Onde fica minha reputação? kkkkkkkkk
Beijos e parabéns pela resenha.
Kkkkkk eu também tinha. Na verdade não sou muito fã de livros que me fazem chorar. Kkkkk Mas vou te confessar uma coisa: se vc se colocar no lugar do Will, entender o ponto de vista e todas as dificuldades dele, vc pode até chorar, mas não vai ser tanto e vc não vai se sentir triste no final. Eu não me senti, eu me senti emocionada e feliz por ele.
ExcluirEu super te entendo sobre chorar na frente dos outros, tanto que praticamente só lia ele dentro de casa. Kkkk odeio chorar na frente de outras pessoas.
Beijos!:*