Autor: Aliel Paione
Editora: PandorgA
Páginas: 384
Ano: 2017
Livro recebido em parceria com a LC Agência de Comunicações
Sol e Sonhos em Copacabana é um romance que se passa no início do século XX, entre os anos de 1901 e 1918. Ele narra a história de Jean-Jacques, um francês que vem para o Rio de Janeiro para trabalhar na embaixada econômica francesa e é um poeta, um artista, um amante da vida e das coisas belas.
Jean-Jacques Chermont Vernier, jovem diplomata francês, chega ao Rio de Janeiro durante o governo Campos Sales, em 1900. Vem ao Brasil para trabalhar na embaixada Francesa como consultor econômico. Descendente de tradicional família de diplomatas, pertencentes à nobreza francesa, Jean-Jacques é induzido à carreira diplomática pela insistência de sua mãe, a condessa De Chermont. Jovem idealista e romântico, Jean-Jacques sente-se decepcionado ao deparar-se com a aridez do seu trabalho, que confronta sua personalidade sensível e boêmia, ou sua maneira de encarar a vida.
Jean-Jacques conhece, no cabaré Mère Louise, em Copacabana, uma mulher lindíssima, Verônica, e é dominado por uma paixão avassaladora. Verônica é uma tirana de corações, capaz levar um homem do céu ao inferno com a mesma facilidade com que as folhas secas são sopradas pelo vento. Ele é correspondido, então iniciam um romance que, para Jean-Jacques, significa a plenitude de sua sensibilidade amorosa e estética. Porém, ela é amante de um respeitável senador da república, o senador José Fernandes Alves de Mendonça, que trabalha com o ministro da fazenda de Campos Sales, Joaquim Murtinho, nas negociações do Funding Loan. Tem-se, então, um triângulo amoroso de consequências e desdobramentos surpreendentes. Durante a narrativa, são efetuadas análises críticas históricas sobre a vida política e econômica do Brasil pertinentes à república velha, conexões que se estendem à época contemporânea.
O cabaré Mère Louise realmente existiu na época e local descritos.
Jean-Jacques é aquele tipo de pessoa simpática, simples e que encanta a todos com sua visão da vida e da forma de viver. Faz amigos facilmente e se torna muito amigo de Euzébio, um condutor de carros/charretes, que o leva aos lugares.
Em uma noite de domingo, Jean-Jacques visita o famoso cabaré Mère Louise e lá conhece Verônica, por quem se apaixona perdidamente. Verônica, apesar de corresponder à paixão, é dependente financeiramente do amante, o senador Mendonça, que dá a ela e a sua mãe uma vida de luxo e conforto.
Verônica é jovem e, apesar de apaixonada por Jean-Jacques, não sabe como proceder, pois ele a pede em casamento e a convida a ir morar na França. Entre encontros escondidos do senador e ajudados por Madame Ledoux – a francesa gerente do cabaré –, o casal decide passar uma temporada na França, longe de todo esse conflito.
Um dia antes da data da viagem, Verônica conta para Jean-Jacques que está grávida e dá a ele um anel de ouro que pertenceu a seu pai, o Barão Gomes Carvalhosa.
No dia e hora marcados para embarcarem, Verônica não aparece. Foi para São Paulo com sua mãe pela manhã. Jean-Jacques volta para a França desolado e lá permanece até 1918, quando recebe uma carta convidando-o a retornar ao Brasil e reencontrar o seu passado. A carta foi enviada por Henriette, que se diz sua filha e quer conhece-lo.
Sol e Sonhos em Copacabana é um livro repleto de reflexões sobre a política brasileira da época que se encaixa perfeitamente aos dias atuais. Na verdade, lendo o livro e estas reflexões, percebemos como chegamos neste ponto atual.
“[...] – Concordo que a maioria de nossos homens públicos de fato se assemelha a... – Procurava a palavra com visível prazer, esquadrinhando o espaço rapidamente. – Como eu poderia defini-los? Sim! – exclamou de supetão. – A um bando de putas, a um puteiro, e você sabe o que isso significa – repetiu, alteando a voz, irradiando inusitado prazer em fazê-la ouvir a metáfora, dando uma risadinha seca. – É a palavra certa pela qual vocês poderiam caracterizar a nossa classe. Cada um de nós lá tem seu preço, e um alto preço. Existem, é verdade, algumas raras exceções – interrompeu-se um segundo, pensativo – mas é o que predomina, é onde chafurdamos nós, fermentando putrefados no pântano dos vossos valores morais. Mas somos uma pequena porção de vocês – comentou, sorridente.”
p. 250
O livro é dividido em duas partes, a primeira narra a história basicamente sob o ponto de vista de Jean-Jacques, e a segunda conta o que fez Verônica tomar a decisão de abandoná-lo e o que ela fez nos anos a seguir, bem como o nascimento e vida de Henriette.
A leitura do livro foi bastante fluida, o enredo prende o leitor e as personagens nos cativam. Em meados da metade do livro eu tomei um choque com um acontecimento, que a princípio eu jamais pensei que fosse acontecer, mas a segunda parte do livro se mostrou tão interessante quanto a primeira.
Quanto vale o ódio e o desejo de vingança? Até onde uma pessoa é capaz de ir e o que ela é capaz de fazer para ver alguém sofrer?
O livro tem romance, drama, problemas familiares, lições de amizade, amor, caráter...
O autor tem uma escrita mais rebuscada, mas em momento algum incompreensível. Pelo contrário, a beleza de suas palavras incrementam a narrativa e nos transporta para a Copacabana de 1901, para o modo de vida da época. As descrições de cenários são extremamente detalhadas, tanto que às vezes esse detalhamento se torna um pouco cansativo, mas nos faz adentrar no local descrito.
A revisão do livro está muito bem feita e o material do livro é de boa qualidade. A capa é simples, mas com um toque de antiguidade, referentes à época do enredo. A diagramação também está muito bem feita e a fonte e o espaçamento em tamanho confortável. As páginas são levemente amareladas.
Foi uma leitura muito interessante, instigante e que me fez conhecer um pouco mais sobre o Brasil da velha república e ter meus valores morais reforçados. É um livro que faz o leitor repensar seu modo de vida e a forma como olhamos para as coisas.
Indico para todos, menos para menores de 16/18 anos por conter cenas de sexo e palavras um pouco pesadas.
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