Resenha: Persépolis

Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Editora: Quadrinhos na cia.
Páginas: 352
Ano: 2007



"Uma coisa é ser atacado pelos iraquianos e num piscar de olho perder tudo o que você levou a vida inteira pra construir... 
... Mas ser rejeitado pelos seus é insuportável!"






Nessa autobiografia em quadrinhos, Marjane Satrapi começa a nos contar sua história desde quando tinha apenas 10 anos. Nascida e criada no Irã, presenciou o começo da obrigatoriedade do uso do véu islâmico e muitas manifestações em meio a guerra.
Por sorte nasceu em uma família politizada e moderna com uma avó muito carinhosa que sempre lhe contava sobre as situações ruins que passou.

"Fomos tão pobres que só tínhamos pão para comer. Eu ficava com tanta vergonha que fingia que estava fazendo comida, só para os vizinhos não perceberem nada..."

Todo dia que passava era um sentimento de sobrevivência, vendo seus amigos e parentes sendo caçados e mortos.
Seus pais decidiram enviá-la para morar na Áustria, longe da guerra, mas talvez essa não tenha sido a melhor decisão.
Chegando lá, ela se via inconformada com o estilo de vida das pessoas, tudo era fora da sua realidade, tudo era considerado fútil para ela.
Tentou se adaptar aos poucos, fez alguns amigos mas também sofreu na pele por não fazer parte daquele povo. Para os outros, ela era apenas uma mentirosa que dizia ter visto a guerra, uma estranha.

Chegou ao fundo do poço e quase morreu na rua, foi então que ela decidiu que era hora de voltar para casa.

"Acho que eu preferia correr sério risco a enfrentar minha vergonha. A vergonha de não ter me tornado alguém, a vergonha de não ter deixado meus pais orgulhosos depois de todos os sacrifícios que eles fizeram por mim. A vergonha de ter virado uma niilista medíocre."

Não tinha como dizer que sua volta também foi das melhores. Ela havia imaginado que tudo seria como antes e que voltaria a ter uma vida boa, mas tudo estava diferente, principalmente ela.
Passou por um dos momentos mais difíceis da sua vida, conheceu pessoas novas e voltou a estudar.
Aos vinte e poucos anos já carregava uma bagagem que poucos conseguiriam, além do peso de ter ido embora.

"Eu tinha a impressão de caminhar sobre um cemitério...

... rodeada por vítimas de uma guerra da qual eu havia fugido.
Era insuportável. Voltei pra casa correndo." 


O que dizer da Marjane, meus queridos? Essa mulher conseguiu me tocar e me chocar em algumas cenas que... meu deus!
Eu consigo sentir uma sinceridade tão grande a cada quadrinho, uma verdade, sabe?
Não há nenhum ponto alto nesse livro, mas mesmo assim ela conseguiu me manter curiosa pra conhecer sua história, e perceber que, mesmo sendo uma mulher que passou por muitos baixos em sua vida, ela também errou, mas também conseguiu se reerguer.

Eu considero Persépolis uma baita aula de história e política, sinto que aprendi muito e quero me aprofundar no assunto. Acho que vale muito a leitura, mesmo pra quem não entende nada de política. Aqui tudo é contado de uma forma mais simples e entendível, e por isso amei tanto.

Eu também preciso dizer que eu amo essa capa nesse tom de laranja bem chamativo. Aliás, o livro inteiro é bonito e o traço da Marjane é uma graça. Edição maravilhosa da Quadrinhos na cia.


NOTA: 4

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