Resenha: Eu não sei lidar

Título: Eu não sei lidar
Autor: Lucas Silveira
Editora Dublinense
Páginas: 160
Ano: 2015


Sinopse: A incapacidade de lidar. Eis aqui, explícito logo no título do livro, um dos combustíveis mais poderosos para transformar a própria experiência em algo bem maior e mais universal que dramas pessoais ou segredos guardados dentro de um caderno esquecido em uma gaveta qualquer. Não saber lidar. Eis uma característica marcante de Lucas Silveira. Que talvez só não seja maior do que o seu desejo de compartilhar. 
Em seu conjunto, este livro é uma espécie de farol, só que ao invés de marcar o ponto de chegada, é um farol concebido para iluminar o que ficou para trás. É por isso que ele revela não apenas “a história” escondida nos versos de cada canção, mas também o que liga cada uma delas e o que faz deste conjunto uma obra inteira, uma narrativa musicada de memórias fragmentadas.
Aqui, cada canção funciona como um pequeno ponto luminoso. A cada página, essa luz vai desvelando algo inesperado. Relatos do universo da música e sua trajetória profissional de repente se misturam com lembranças da vida pessoal, da infância, e desembocam em dilemas que geraram grandes histórias. E aos poucos é possível ver formar-se um caminho.



Lucas Silveira é vocalista da banda Fresno e conhecido por suas composições carregadas de romantismo e dor.
Eu não sei lidar vai além de uma autobiografia e cada capítulo é dedicado a uma de suas músicas, seguido de uma declaração de Lucas sobre o que ele passou, sentiu e o que pensou quando a escreveu.

Começando por um dos maiores sucessos da Fresno, Cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas, nos deparamos com um Lucas muito menos maduro e com um turbilhão de pensamentos prontos para serem passados para o papel e, obviamente, para os acordes de seu instrumento.

"A verdade é uma escolha individual e, muitas vezes, uma escolha que vai te fazer abandonar as pessoas, que vai te deixar sozinho. Você, sua verdade, e ninguém mais."


Mas o capítulo que mais me tocou foi, de longe, o de Milonga. Sou suspeita para falar, pois eu amo a música, mas deixar de lado a interpretação que construí para ela e entender o motivo que levou Lucas e Tavares a escreverem o que hoje se tornou um hino pros fãs da banda foi muito gostoso, principalmente a forma despretenciosa com que Tavares gravou o trecho proferido com tanta angústia e repetido pela multidão de fãs em seus shows: 

"Quando você não esperar vai doer e eu sei como vai doer e vai passar como passou por mim e fazer com que se sinta assim, como eu sinto, como eu vejo, como eu vivo, como eu não canso de cantar. Eu sei que vai ouvir, eu sei que vai lembrar. Vai rezar pra esquecer, vai pedir pra esquecer, mas eu não vou deixar, eu não vou deixar."



Não tenho muito mais o que falar, né? Eu comecei a ler um tempão atrás, não me envolveu e meses depois retomei a leitura em um momento da minha vida em que me encontro muito mais musical e sensível, o que fez com que a experiência de leitura fosse maravilhosa pra mim.
Não acho que seja um livro para qualquer pessoa, mas vale a pena dar uma chance se você gosta da Fresno ou já gostou um dia.
Pra finalizar, apenas digo que a escrita do Lucas é maravilhosa e poética (como eu já imaginava, já que ele compõe muito bem).

NOTA: 5

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