6 de abr. de 2020

Resenha: O Conto da Aia

Título: O Conto da Aia
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Páginas: 366
Ano: 2017





Acervo Pessoal







Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

Nessa historia vamos conhecer Offred. Offred é um aia que foi enviada a uma família importante em Gilead, um país derrubado por um governo totalitário e teocrata. Esse novo sistema político tem como base a superioridade do gênero masculino e nas vontades de "Deus", sendo assim, a vida para as mulheres se resume em  exclusivamente o de ser provedora: dona de casa, cozinheira, esposa, mãe
ou apenas uma barriga de aluguel ou útero com pernas como elas mesmas dizem.

Offred, como a nova aia da família  tem como função única e exclusivamente conceber o filho do comandante – um filho perfeito e que não morra logo depois do nascimento. Com a queda absurda da natalidade e a implementação dessa nova política, digamos assim, uma das medidas tomadas como solução foi "recrutar" as mulheres ainda férteis e designá-las à famílias específicas a fim de servirem como "receptáculo" para os filhos que possivelmente viriam. Uma completa e absurda dominação do gênero feminino em "nome de Deus".

Antes ela era uma mãe, trabalhadora, casada e tinha uma filha, ou seja, tinha uma vida normal.Mas após a revolução, a nossa protagonista perdeu tudo o que tinha de mais valioso: seu nome, sua família, sua filha, sua rotina, seus direitos sociais e políticos, sua liberdade de tomar decisões e fazer escolhas. Ela foi treinada e ameaçada para não ir contra o novo sistema, tendo a convicção que seu  objetivo e seu corpo agora, serão utilizados apenas como um gerador de vidas.




O Conto da Aia é um livro  no mínimo chocante, pois apesar de ter sido escrito a muitos anos atrás e ser uma distopia, ele trás elementos que podemos identificar hoje em dia na sociedade atual. Como por exemplo a luta diária das mulheres por igualdade, para ser ouvida, para ser dona de si e do seu corpo sem homens para tomarem suas decisões. A parte mais impactante para mim no livro foi a protagonista falando que via indícios do que estava por vir, mas não ligou porque estava acontecendo com outras pessoas. E se pararmos para observar somos na maioria assim, se não acontece comigo não devo me intrometer, o que claro é muito errado.
Nada muda instantaneamente: numa banheira que se aquece gradualmente você seria fervida até a morte antes de se dar conta. Havia matérias nos jornais, é claro. Corpos encontrados em valas ou na floresta, mortos a cacetadas ou mutilados, que haviam sido submetidos a degradações, como costumavam dizer, mas essas matérias eram a respeito de outras mulheres, e os homens que faziam aquele tipo de coisas eram outros homens.

Sendo uma mulher feminista, confesso que foi muito doloroso chegar ao fim de O Conto da Aia. O livro é muito bom , mas a temática que mistura uma situação distópica, porém com indícios de situações que estão acontecendo da nossa realidade trás um aperto gigante no peito. Não é difícil imaginar algo desse nível acontecendo, até porque, já vimos uma situação semelhante, surgir e tomar forma.

A resenha ficou maior do que eu esperava, mas queria transmitir para vocês um pouco dos sentimentos que tive durante a leitura. Esse é um daqueles livros que com certeza não irá todo mundo, mas que definitivamente irá mexer com você.
Indico muito a leitura para todos, mas principalmente para nós, mulheres.

Até a proxima resenha
Beijuh da Rêh

Nota 5 

2 comentários:

  1. Estou bem curiosa pra ler esse livro, apesar da temática chocante, amei a resenha

    https://www.submersaempalavras.com/

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  2. Oi Reh
    Li esse livro uns anos atrás e foi uma das leituras mais magníficas e mais pesadas que já fiz. Terminei ele com o coração na mão, apertado, agoniada, mas foi incrível ter a experiência de ler algo assim. Quem sabe, conhecendo o que poderia acontecer, a gente não encontra uma forma de evitar ao máximo isso de se tornar real...

    Vidas em Preto e Branco

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