Resenha: O Diário de Helga

Título: O Diário de Helga
Autora: Helga Weiss
Editora: Intrínseca
Páginas: 238
Ano: 2013



O relato de uma menina sobre a vida em um campo de concentração.








"Das 15.000 crianças que foram para o campo de concentração de Terezín, calcula-se que apenas 100 estavam vivas no final da guerra. Helga Weiss foi uma delas. Seu diário inédito, escrito entre 1938 e 1945, revela como uma menina conseguiu sobreviver ao Holocausto."


O livro é dividido em três partes: 1. Praga; 2. Terezin e 3. Auschwitz, Freiberg, Mauthausen, Praga. 

Helga inicia seu diário contando seu dia a dia. Já somos introduzidos na história conhecendo as mudanças feitas para os judeus. Uma delas foi a expulsão de crianças judias das escolas públicas, o que deixou Helga muito triste. Ela estudou em casa e em grupos de estudos que foram criados por judeus.
Outra mudança foi a chamativa estrela amarela com a palavra JUDE que deveria estar costurada em suas roupas. Uma forma de marcar os judeus que, apesar dos olhares e comentários ofensivos, Helga e sua amiga Eva levavam tudo numa boa e faziam brincadeiras.

"Durante a tarde, saio para um passeio com Eva. Não para o parquinho – a gente ficou de propósito nas ruas movimentadas. [...]
Que os alemães vejam que não estamos incomodados. Deliberadamente, mantemos rostos alegres e nos forçamos a rir. Deliberadamente, para irritá-los." Pág. 40

Não demorou muito para que começassem as deportações. Toda vez que saía uma convocação era uma dor que Helga sentia, com medo de que fosse sua vez ou de alguém próximo.
Depois de várias convocações a família de Eva foi escolhida e pouco tempo depois chegou a vez da Família Weiss. A família de Helga. Eles seriam mandados para um alojamento em Terezín.

"E assim perdi minha última amiga. [...] Sempre penso nela. Nunca vou esquecê-la."       Pág. 48

Helga descreve sua ida ao Centro de Deportações Judaicas até o alojamento, onde dividiam um quarto com dezenas de pessoas e recebiam refeições pobres e controladas.

"[...] Muitos – não, certamente todos – estão chorando em silêncio, mas nós não demonstramos nossas emoções. Para que dar esse prazer aos alemães? Jamais! Temos força para nos controlar. Ou deveríamos nos envergonhar da nossa aparência? Das estrelas? Dos números? Não, não é culpa nossa, alguém se envergonhará por isto. O mundo é apenas um lugar estranho." Pág. 63

Em seguida acompanhamos a separação de Helga e seu pai, todas as viagens intermináveis e cansativas e as noites mal dormidas. Daqui em diante as coisas só pioram conforme acompanhamos toda sua jornada.
Ela faz de tudo pra ficar por perto da mãe que está fraca. Naquele momento é o que mais importa.


"[...] o que essas... pessoas?... passaram? Sim, já foram pessoas um dia. Saudáveis, fortes, com vontade e pensamentos próprios, com sentimentos, interesses e amor. Amor pela vida, pelas coisas boas, pela beleza, com fé num amanhã melhor. O que resta são fantasmas, corpos, esqueletos sem altas." Pág. 189


O livro é repleto de ilustrações e fotos. É nítido o cuidado que os envolvidos tiveram ao colocar as notas do organizador do livro (sim, eu li tudo e é bem interessante, juro. Não pulem!) e uma entrevista com a Helga no fim do livro.

É impossível não se emocionar com o relato da Helga, ainda mais sendo uma criança.
Mesmo sabendo que ela sobreviveu, a gente teme pela sua vida e de sua família e conseguimos ver nitidamente a força dela, por sempre aguentar mais um dia e por manter consigo a única coisa que ainda restava: a esperança.

NOTA: 5

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