Suéter vermelho.

Olá, bom dia! Como vocês estão? Eu sou a Camis e esse é minha primeira contribuição para o blog, eu espero que vocês gostem dos textos que vou compartilhar aqui. Que assim como me toca escrevê-los toque vocês ao lê-los. Um beijo, bom final de semana. 








Meu celular tá tocando em cima do criado mudo, a música é aquela pegajosa que ele mesmo colocou como toque para o próprio número. Era sempre assim. Ele passava semanas sumido, aproveitando os dias de solteiro como sempre quis fazer, e, quando seus amigos sumiam ou a temperatura caía, ele me ligava para dizer que sentia minha falta, que sua casa ficava vazia sem mim e que sentia saudade de dormir de conchinha, então eu vestia meu velho suéter vermelho e dirigia até casa dele. Eu passei os primeiros meses mandando mensagens e implorando por atenção. Ele era monossilábico e fazia questão de ficar respirando fundo diversas vezes para eu entender que minha ligação o incomodava e que sua nova vida não tinha espaço para mim.

Eu pedi a toda e qualquer estrela brilhando no céu que me trouxesse ele de volta. Fiz promessa de ser uma garota melhor caso ele me ligasse mais de uma vez na semana. Aceitei migalhas do que ele tinha para oferecer, porque a ideia de não tê-lo em minha vida era mais dolorosa do que suas respirações profundas, ou as mensagens que trocava com outras garotas enquanto eu ainda estava deitada em sua cama.

Ele me fez experimentar algo que eu não posso comparar com nada. Eu estava como uma louca, viciada no pouco que ele tinha para me oferecer. Minhas amigas diziam que não era amor, nunca seria. Os amigos dele diziam que levou outra para casa e que eu era uma garota legal e que devia seguir em frente. Sempre houve um milhão de motivos para eu deixá-lo ir, mas o coração quer o que ele quer, e, o meu coração sempre foi viciado em você.

Ele vinha com todo aquele jeito encantador, com aquele sorriso de quem iria ficar para sempre dessa vez, depois ia embora em paz e me deixava em pedacinhos. E eu prometia a mim mesma que dessa vez iria ser diferente, que eu e meu velho suéter vermelho não sairíamos de casa para encontrá-lo, não dessa vez, mas quando me dava conta estava novamente enrolada em seu lençol de seda preto, olhando-o trocar mensagens com a garota que conheceu na noite anterior.

Ele ligou novamente algumas semanas atrás, disse que encontrou meu suéter vermelho caído em baixo da cama enquanto procurava as chaves do carro. Com aquela voz rouca e baixa me disse para ir buscá-lo, disse aquelas mesmas palavras ensaiadas de que estava com saudade e acrescentou que ao cheirar a peça sentiu falta do meu cheiro. Ousou até dizer que PRECISAVA me ver. Eu quase cedi, afinal, era meu suéter preferido e eu precisava buscá-lo. Mas, por quê? O verão estava chegando, eu não iria mais precisar dele, digo, do suéter. E porque eu iria vê-lo sabendo que seria como todas as outras vezes? Ele mal olharia em meus olhos, depois sumiria por semanas novamente e, eu ficaria com aquele vazio excruciante de onde um dia existiu um borboletário. Até quando eu ficaria carregando os pedaços do que um dia foi um coração?

O toque pegajoso termina assim que aceito a ligação e levo o aparelho até a orelha.

— Oi.

— Ei, você ainda não veio buscar seu suéter vermelho.

Silêncio. Silêncio. Silêncio.


Ele ainda não sabe, mas nas últimas três semanas que sumiu eu consegui finalmente começar uma desintoxicação de sentimentos. Vez ou outra tenho vontade de buscar o velho suéter, mas é verão, eu não preciso mais dele.


— Eu não preciso mais desse suéter, pode ficar para você se quiser, ou apenas... jogue fora.

— Achei que fosse seu suéter preferido. — Murmurou com aquela voz que sempre conseguia o que queria.

— Não. Na verdade eu nunca gostei dele, eu só não tinha me dado conta ainda.


Silêncio. Silêncio. Silêncio.


—Estou com saudades. Encontrei aquela caixa que você me deu no nosso aniversário de 3 anos de namoro, está cheia de fotos nossa.


Silêncio. Silêncio. Silêncio.

— Você devia passar aqui para separar algumas para você, tem umas muito boas de você na viajem que fizemos para a praia.


Inspiro. Expiro. Respiro fundo.


— Eu realmente sinto muito. — Sussurrou depois de um longo silêncio entre nós.

— Eu também.

— Nós poderíamos tomar um café um dia desses, talvez conversar sobre nós.

— Hum, acho que não. — Murmurei. — Você me esquecia, sumia por semanas e depois voltava achando que eu sempre estaria aqui te esperando. Alguma vez passou pela sua cabeça que em um desses sumiços eu pudesse me interessar por outra pessoa?

Silêncio. Silêncio. Silêncio.


— Você está interessada por outra pessoa?

— Não.

— Então isso significa que podemos tomar aquele café e eu posso te devolver o suéter vermelho. Tenho certeza que você vai se arrepender se jogá-lo fora. Eu te conheço.

— Não. Como eu disse não estou interessada em ninguém e isso inclui você e o suéter vermelho. É só um suéter, nada especial.

A ligação terminou depois que respirei fundo algumas vezes, você finalmente percebeu que na minha nova vida não tem espaço para você. Inclusive essa semana eu me peguei rindo com outra pessoa, você nunca me fez rir daquele jeito. Cheguei à conclusão de que minhas amigas, seus amigos, minha família tinha razão. Nunca foi amor, nunca vai ser. E, afinal, eu não preciso mesmo desse velho suéter vermelho.

14 comentários:

  1. Awn que legal, adoreiiiiiiiiiiii

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  2. Muitas vezes é necessário quebrar vínculos com o passado para seguir adiante.
    Gostei bastante do texto.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de reinauguração. Serão quatro vencedores!

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  3. Amei 😍❤ Parabéns pelo trabalho 👏😘

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  4. Maravilhoooooso camis! Parabens ❤️

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  5. Caaaaaaaamis... Adoooorei, na verdade, amei. ❤❤❤❤❤❤❤

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  6. Caaaaaaaamis... Adoooorei, na verdade, amei. ❤❤❤❤❤❤❤

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Ameiiiiiiiiiiii você escreve muito bem amo seus livros do wattpad *-*

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