Autor: Raphael Miguel
Páginas: 81
Livro: Os Supremos
Editora: Coerência
Ano: 2018
Quarta história do livro Os Supremos*:
Em Apolo conhecemos Aslam Riveira, um jovem de 25 anos com habilidades estupendas, mas que, por questão de honra e caráter, decidiu não utilizar seus poderes em público.
Aslam tem a capacidade de voar, é extremamente forte e pode reunir as energias ao seu redor com as mãos. Entretanto, tantos poderes vêm acompanhados de responsabilidades e Aslam não sabe se está pronto para assumir essas responsabilidades.
Aslam tem a capacidade de voar, é extremamente forte e pode reunir as energias ao seu redor com as mãos. Entretanto, tantos poderes vêm acompanhados de responsabilidades e Aslam não sabe se está pronto para assumir essas responsabilidades.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo próprio Aslam, com exceção de alguns capítulos narrados por outros personagens. Aslam conta sua história e como, aos dois anos de idade, seus poderes se manifestaram, levando seus pais a se mudarem de Curumim para Monteiro Lobato, ambas cidades do interior de SP.
Na pequena Monteiro Lobato, o garoto cresce cercado de segurança, não só pelos pais, mas por toda a população da cidade, que o vê como especial.
Um incidente na adolescência o faz jurar para is mesmo que jamais usará seus poderes em público novamente.
Mas, alguém com um senso de dever e justiça tão grande quanto Aslam, conseguirá manter seu segredo e ficar distante quando vê pessoas inocentes sendo ameaçadas?
Ao mesmo tempo, surge uma ameaça mais poderosa do que podemos imaginar, criada e movida pela ganância humana.
Raphael Miguel, mais uma vez, surpreende ao criar um personagem como Aslam/Apolo. Não só pela magnitude dos seus poderes, mas pela grandiosidade do seu caráter.
Apolo, assim como as outras histórias de Os Supremos, é cativante. Eu li praticamente em meio dia. Uma escrita bem elaborada, mas de fácil compreensão e uma revisão impecável.
Só lamento por ter acabado.
Conheça as outras histórias do livro: A Origem de Sonda, Kryos e Vulcano e A Sombra da Noite.
Amanhã tem uma pequena resenha/considerações sobre os aspectos do livro como um todo.
E abaixo temos uma entrevista com o autor Raphael Miguel, idealizador do livro Os Supremos. Confiram.
*Os Supremos é um livro que reúne quatro histórias de super heróis brasileiros: A Origem de Sonda, Kryos e Vulcano, A Sombra da Noite e Apolo.
Cada um dos heróis (e alguns outros seres humanos) possuem o chamado gene Supremo, que lhes concede dons especiais que variam de pessoa para pessoa.
A descoberta deste gene foi feita pelo cientista Arnaldo Negrão que atualmente trabalha para o programa Incógnito, subsidiado pelo governo e que era, até certo tempo, super secreto.
ENTREVISTA
1. Como foi o
processo de criação de Apolo? Houve inspiração em algo/alguém ou até mesmo em
algum super-herói já existente?
Sempre fui fascinado pelo mundo dos super-heróis, uma
paixão que remete à minha infância. Obviamente, comecei com os (muitos)
desenhos animados e logo passei para as HQs. Então, é um assunto que desde cedo
permeou minha imaginação. Mas quando tive a oportunidade, e devo agradecer à
Editora Coerência por isso, de criar ou idealizar Os Supremos, o que viria a
ser o Apolo ainda não estava pronto. Juro que assim que comecei a escrever para
o livro, poucas características dele estavam maduras. Não consigo me lembrar do
momento específico em que ele ganhou vida, do instante em que seu esboço passou
a fazer sentido. Apenas tinha um objetivo muito claro sobre o personagem: ele
teria que ser forte, fodão, mas ao
mesmo tempo humano.
Acho que o que mais me inspirou para a busca deste
contraste foram as releituras de personagens clássicos dos quadrinhos. Os
heróis criados na chamada fase de ouro eram todos praticamente inabaláveis e o
exemplo mais forte disso, com o perdão do trocadilho, era o icônico Superman.
Mais recentemente, houve um grande esforço dos estúdios
mais relevantes em redesenhar a história desses personagens. Se você passar a
folhear os títulos atuais, perceberá essa modificação.
Apolo foi meio que fruto disso, um reflexo que quis trazer
para nossa realidade literária. Ou seja, esse movimento foi a grande inspiração
para trazer as mais marcantes características do personagem.
2. Como ocorreu a
interação entre os autores na criação das histórias para que houvesse um timing perfeito
entre os acontecimentos e a narrativa da história? Houve uma ordem de escrita
por parte de cada um?
O que nos guiou nessa jornada foi a premissa que acabei
estabelecendo. Os Supremos é um exemplo de um projeto individual que se tornou
coletivo e a intenção era de trazer os personagens criados pelos demais
escritores dentro da mesma realidade. Era importante dar um norte aos autores.
Além da premissa, encaminhei algumas outras dicas e
diretrizes aos meus amigos que participaram do projeto e, no caso de dúvida,
eram instruídos a me procurarem. Não seguimos ordem, apenas prazos. Acabamos
escrevendo todos ao mesmo tempo. Quando os trabalhos estavam prontos, passei a
verificar um por um se estavam enquadrados dentro da mesma linha. O resultado
foi formidável!
Este formato é diferente de tudo que já trabalhei. A
interação é outra, dinâmica é outra, toda a produção de um livro como esse é
peculiar. Não é como uma antologia de contos, por exemplo.
Claro, o grande time que trabalhou em Os Supremos foi
determinante para que tivéssemos um livro tão diferenciado e particular. O
talento de cada um deles permitiu aos leitores vivenciarem uma experiência
única dentro do mesmo universo.
3. Qual a
sensação de saber que você é o criador de um dos maiores super-heróis do
Brasil? Tem planos para ele futuramente?
Um dos maiores desafios de Os Supremos era provar se nós, autores
brasileiros alternativos, tínhamos “capacidade” de criarmos super-heróis
autênticos e transportá-los para a realidade em que vivemos. Digo capacidade
entre aspas, pois nós temos mais potencial do que muitos pensam. A capacidade
aqui se refere à aceitação do público, isso sim. É difícil emplacar uma ideia
diferenciada no mercado editorial e quando falamos em trazer heróis, isso pode
ser ainda mais complicado. Fatalmente, pessoas irão torcer o nariz, alguns
dirão se tratar de “cópia” de algo gringo. Devo discordar de quem pré-julga o
nosso trabalho dessa forma simplista.
Vou além. Digo que todos os personagens em Os Supremos são
autênticos e, de tão humanizados, são quase reais. O que queremos é quebrar
esse preconceito inicial de parte do público para termos a chance de provar a
qualidade daquilo que fizemos.
A história de Apolo, e de todos os outros Supremos que
surgem no primeiro livro, é o clássico de uma história de origem e
descobrimento. Sinceramente, não sei se essa primeira aventura já lhe confere o
status de “um dos maiores super-heróis do Brasil”, mas agradeço de coração pelo
título. Talvez, Aslam (nome civil do Apolo) tenha que crescer mais como pessoa
e herói, ele ainda tem que passar por muita coisa, superar obstáculos e criar
seu próprio caminho. Potencial, o cara tem.
Obviamente, tenho planos para o personagem. Desenvolvi
carinho, apreço e simpatia por seu caráter acima de tudo e quero muito
trabalhar mais isso futuramente. Uma pergunta que me faço todos os dias desde
que Os Supremos foi lançado: será mesmo que o Apolo é inabalável? Acho que o
tempo vai dizer.
4. Percebi que
todos os heróis têm o nome com a inicial A. Foi proposital ou algo totalmente
ao acaso?
A enigmática letra A. Fico muito feliz que tenha percebido
isso. É um dos muitos easter eggs presentes no enredo. No processo de criação
do livro, tentei dar aos autores liberdade para criarem seus personagens.
Átila, Abel, Alexia, Aslam e Agatha surgiram individualmente. Acho que percebi
que todos começavam a letra A quando fui “recrutar” a Renata Maggessi. Nisso,
os outros personagens já tinham seus nomes. Lembro dela me perguntando sobre os
protagonistas das demais histórias e foi quando comentei esse lance da letra.
Agatha veio somar a essa curiosidade não proposital. O que será que isso quer
dizer?
5. Podemos
esperar uma continuação de Os Supremos? Se sim, para quando?
Os
Supremos foi pensado e projetado para ser uma série. Algo semelhante ao que é
Wild Cards, série de livros editada por George R. R. Martin. O primeiro volume
da nossa coletânea é justamente a origem desses personagens, onde as coisas
começam pra valer, e queremos expandir o universo até onde a criatividade
permitir. Outra ideia que temos em mente é produzirmos histórias que funcionem
por si só em cada volume, sem que o leitor tenha necessidade de conhecer o
volume anterior para se situar no enredo. É um grande desafio, e um tanto
ambicioso.
Mas
nesse caminho temos um grande obstáculo. Não posso ser hipócrita, a
continuidade do projeto está intimamente ligada à recepção do público. Para
todos os autores de Os Supremos, assim como para seus leitores, o projeto é
algo paralelo. Jefferson Andrade, Renata Maggessi, Jadna Alana têm seus
respectivos livros para trabalhar e divulgar, assim como eu. Nenhum de nós
cuida apenas de Os Supremos. O público também vê dessa forma.
Nem
toda pessoa que leu “O Enterro dos Ossos”, “A Princesa de Ônix”, “Planeta
Brutal” ou “O Confronto dos Imortais” vai se interessar por Os Supremos.
Sabemos disso e também sabemos que isso é o grande perigo para a continuidade
da série.
Às
vezes converso com os outros autores ou com a editora sobre a continuação e os
planos são muitos. Há até quem já pense em carreia solo de seus personagens,
mas ainda assim, mantemos o pé no chão. Se continuar, vamos trazer algo de
qualidade mais uma vez e outra, até quando nos permitirem; se não
prosseguirmos, pelo menos poderemos bater no peito para dizer que
tentamos.
Beijos!
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