Título: A Hora da Estrela
Autor: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 88
Ano: 1998
"A Hora da Estrela" foi o último livro publicado por Clarice
Lispector. Ela criou um narrador homem um tanto “parecido” com ela, para este livro. A
forma como o narrador fala da personagem Macabéa dá uma ar cômico ao livro. Cômico
e ao mesmo tempo melancólico. Ora o narrador aparenta ter pena da forma como a ela
age, ora parece ser impaciente pelo mesmo motivo. A principio é meio confuso porque o narrador "adia" a história, ao ler ficamos no impasse de saber se a história de Macabéa começou ou não.
“Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho. Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever."
“Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?”
Macabéa, personagem principal, é uma nordestina simples,
tinha uma vida sofrida, órfã de pai e mãe e fora criada pela tia. Migra para o
rio de janeiro em busca de condições financeiras melhores. Ela é a típica
mulher boba/ingênua que se deixa influenciar por tudo e por todos. No Rio,
começa a trabalhar como datilógrafa, emprego no qual é “explorada” (tão ingênua
a ponto de nem perceber), não tinha a mínima competência para exercer esse
trabalho ou qualquer outro. Parecia sem utilidade, e ela acreditava nisso, não
fazia o mínimo esforço para mudar a situação. Conformava-se com sua condição. Não
queria incomodar, pedia desculpa o tempo todo. O que mais caracteriza Macabéa é
a sua forma ingênua de viver.
“Mas vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manha. Vagamente pensava de muito longe e sem palavras o seguinte: já que sou, o jeito é ser.”
“E acontece que não tinha consciência de si e não reclamava nada, até pensava que era feliz. Não se tratava de uma idiota mas tinha a felicidade pura dos idiotas. E também não prestava atenção em si mesma: ela não sabia.”
Em um fim de tarde chuvoso ela conhece Olímpico, também
nordestino, mas que diferente dela tinha ambição, embora fosse tão desprovido
de conhecimentos quanto ela. Ele fingia saber de tudo. O malandro pouco depois
trai Macabéa com sua “amiga” Glória.
Gloria aconselha Macabéa a ir à uma cartomante. Ao chegar lá
ouve que seu futuro será maravilhoso, Macabéa sente-se feliz, pelo menos por
instantes ela “se encontra”, enfim chegada “A Hora da Estrela”.
“Se tivesse a tolice de se perguntar 'quem sou eu?' cairia estatelada e em cheio no chão. É que 'quem sou eu?' provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto”.
Em "A Hora da Estrela" Clarice, como sempre, escreve sobre
papel que a mulher exerce na sociedade. Nesse livro não só a mulher está em
pauta, e sim as pessoas de modo geral que fecham os olhos para de alguma forma não sofrerem
represarias, por puro conformismo. Sabemos que existem muitas Macabéas no mundo.
Talvez nós mesmo, por momentos, sejamos. A hora da estrela não é um livro pra simplesmente
ser lido e esquecido (como nenhum outro é), mas sim pra ser refletido sobre várias
questões que nos norteiam desde que o “mundo é mundo”.
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