Autor: Yuri Marcelo
Editora: Em Foco
Páginas: 168
Ano: 2017
Sinopse: Antônio era triste. Possivelmente não há definição melhor pra começar a contar sua história, embora, o tempo verbal da frase pose estar incorreta, ''Antônio é triste'' melhora o sentido para aqueles que queiram acreditar que esta personagem ainda está viva, o que devo já avisar, não é o que acontece. Tal livro não trará nada além de um desconforto estranho com os assuntos tratados, mas, possivelmente, será um bom passar de tempo. O triste da estória nasceu, cresceu e viveu, não houve reprodução, não houve árvores plantadas, mas houve livros, era poeta, era escritor, queria ser algo na vida, mas as tormentas que passavam por ele eram grandes demais perto do seu corpo magro e esquelético, as tempestades que tumultuavam os seus quereres eram devaneios ilusórios de uma mente cansada, o que ele só percebeu quando estava caindo do décimo-quinto andar de um prédio comercial no centro de sua cidade. Enquanto caia, a sua vida passou pelos seus olhos, e aqueles quarenta anos foram grandes anos, poucos, mas grandes.
Essa obra fora encontrado na casa de Antônio pouco tempo depois do seu segundo sumiço. É importante salientar que o corpo encontrado esmagado contra um carro na principal avenida da cidade, nunca fora identificado com precisão, porém, as possibilidades indicam ser o escritor. Depois de ler, entender e juntar todas as escritas, que foram feitos numa máquina velha de escrever, resolvi compartilhar. Antônio, no fim precoce da sua vida, já não mais tinha amigos, apenas eu ia ao seu encontro quando ele precisava, mas, mesmo assim, em meio a uma eterna tormenta, ele contou sua história, por meio de crônicas.
Neste livro, vamos conhecer a história de Antônio através de Crônicas que ele mesmo escreveu, a história será dividida em infância, adolescência, vida adulta, mulheres e fim.
Antônio desde muito novo percebeu que não conseguia ser completamente feliz, cada pequena dificuldade ou barreira a ele imposta, o deixava cada vez mais sem chão, além disso ele carregava em si sentimentos como não se sentir bem vindo, se sentir ignorado além de senti que só estava atrapalhando.
Ainda não descobri se eu estava errado, mas minhas angustias, crises, choros a todo o momento e medos nunca saíram de mim, e precisei conviver com isso.
Mesmo com um peso enorme em si, Antônio vai tentando viver a vida da melhor forma que consegue, encontrou em alguns amigos formas de se distrair e divertir, procurou em mulheres uma forma de ser correspondido e encontrou em bebidas, mais precisamente o uísque uma forma de esconder os seus problemas e prosseguir.
Depois de tanto chorar, e pensar, percebi que minhas tormentas já estavam grandes demais, que não podia suportar tudo aquilo, que o trabalho de oito as dezoito, segunda a sexta, cerveja aos sábados, futebol aos domingos, alegrias falsas, amigos tolos, brigas forcadas, família bagunçada e amores fracos não era o suficiente. Queria mais vida. Querer viver.
Porém não vendo mais sentido na vida que levava resolve juntar suas poucas coisas e sair de casa sem avisar ninguém, tinha medo de falhar com os amigos, as mulheres e principalmente com sua família que o suportava tanto e em busca de uma nova vida, uma que valesse a pena continuar, ele fugiu.
Fiz minha mala, coloquei as roupas que mais gostava, três ternos, meu notebook, já velho e amassado e alguns casacos. Peguei meu celular, mas deixei meu chip, troquei de número. Vendi meu carro, e algumas coisas pequenas. E então, numa noite, apenas saí de casa e peguei o primeiro ônibus que passou por mim, rumo a vida.
Com essa fuga foi dada o início da sua vida adulta, Antônio chegou ao novo lar, formou - se, lecionava em uma faculdade, era escritor, passou a beber e fumar, a unica coisa que se manteve foi a tristeza junto ao pensamento de morte. Sendo assim vamos acompanhando toda a luta dia após dia de um homem que quer muito viver, mas não com toda essa carga emocional o impedindo de seguir a diante. Ele mesmo nos fala que "O suicida não almeja a morte, não quer morrer, ele quer a vida, ama estar vivo, ele só quer se livrar daquela dor, e o único meio, é a morte. A angústia e a tristeza só podem ser retiradas da vida, com o fim desta."
Este livro é com certeza um dos mais intensos e bonitos que li, apesar de desde o início sabermos o que vai acontecer com o Antônio, ler a sua história, acompanhar sua vida e ver o quanto ele foi corajoso (sim, pois ele conseguiu viver muito além do que ele mesmo achou que conseguiria), foi gratificante. Apesar de não ter percebido Antônio teve uma vida linda, maravilhosa e com certeza ele era um homem incrível também.
Essa obra deve ser lida por todos aqueles que não entendem o que a depressão é capaz de causar a um indivíduo, deve se lida por todos que acham que é mentira, frescura e outros adjetivos repugnantes que as pessoas tem coragem de dizer. Deve ser lida por todos, já que é uma história muito interessante e que só vem a acrescentar na nossa vida.
Uma coisa que fiquei na dúvida é se é uma história verídica ou ficção já que não encontrei nada sobre isso.
Sobre o livro: A diagramação está ótima, contém alguns errinhos de revisão, nada que atrapalhe a leitura e intendimento, o enredo é muito bem construído e a capa lindíssima.
Eu adorei fazer essa leitura e super indico a todos vocês.
Até a próxima resenha
Beijuh da Rêh
Nota 5
Sobre a sua dúvida, é um pouco das duas
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