Estante Nacional: Raphael Miguel


Olá, leitores! Estamos de volta com a edição de julho do Estante Nacional. Para quem não conhece, o Estante Nacional é um projeto idealizado pelo GBU – Grupo Blogueiras Unidas, e tem como objetivo divulgar um autor nacional todo mês.

O autor deste mês é ninguém menos que Raphael Miguel.


          SOBRE O AUTOR          

Raphael Dal Farra Miguel Jorge nasceu em uma manhã chuvosa e fria no ano de 1987 na remota e charmosa cidade de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Desde muito cedo demonstrava natural interesse pela escrita e pelo lúdico. Graduado em Direito, pós-graduado em Direito Ambiental, especialista em Direito do Trabalho, atua como consultor jurídico, advogado e defensor público. Bem casado, é pai da menina mais linda do mundo. Cristão. São-paulino. Entusiasta da cultura pop, apaixonado por rock, aficionado por quadrinhos, filmes, séries e livros, mantém uma coluna intitulada O Top do Pop na Revista Varal do Brasil. Tem a escrita como hobby e participou de diversas antologias, seletas e coletâneas. É autor de O Livro do Destino, Ácido & Doce, Cinco, Planeta Brutal, co-autor de Os Supremos e organizador da antologia Playlist. Possui diversos projetos literários em andamento.







          SOBRE SUAS OBRAS          

O Livro do Destino

Editora: Chiado
Ano: 2016

O que você faria se recebesse um artefato capaz de alterar o destino das pessoas ao seu redor, interferir no futuro e destruir realidades? O que faria se um instrumento de tamanho poder caísse em suas mãos? Praticaria o bem ou o mal? Utilizaria para sanar as desgraças do Mundo ou para alcançar objetivos egoístas? Tentaria salvar àqueles ao seu lado, ou salvaria apenas a si próprio? Eric Dias é um rapaz de recém feitos dezessete anos. Pacato, vive uma vida tranquila, sem grandes preocupações. No entanto, um presente inusitado pode alterar para sempre seu destino e de todos ao seu redor. O que o rapaz fará com tal responsabilidade sobre seus jovens ombros?



Ácido & Doce: A Rosa Fatal
Editora: Xeque-Matte
Ano: 2017

Apesar de desolado com a partida de sua amada amiga Lívia G. para tentar realizar o sonho de se tornar uma modelo internacional na França, Alejandro Vidal Braga seguiu em frente e tornou-se um rapaz ambicioso, totalmente movido pela ganância, embora dono de uma personalidade dúbia que o deixa em xeque. Mas, o retorno de assuntos do passado promete fazer com que Alejandro tenha que adotar novas posturas de atitude e comportamento ao ponto de tornar-se irreconhecível aos olhos dos próprios pais em busca de aceitação e identidade própria.

Eveline é uma jovem bonita, charmosa e atraente que guarda muitos segredos de um passado nebuloso e sombrio. Ainda que seus motivos sejam desconhecidos, a garota misteriosa parece estar determinada a terminar de destilar seu plano de vingança contra o homem que lhe fez sofrer. Eveline tem contas para acertar e ninguém poderá ficar em seu caminho.

Acompanhe a trama de ÁCIDO & DOCE sob a ótica de dois personagens e prepare o coração para se impressionar do início ao fim com um enredo inovador repleto de reviravoltas, subtramas, conspirações, encontros e desencontros. Com pitadas de suspense, erotismo, drama, mistério e intrigas, ÁCIDO & DOCE é um romance urbano diferente, sensual, eclético e frenético que promete muitas surpresas. Experimente diversas sensações que irão do ácido ao doce em cada página.


Cinco
Editora: Darda
Ano: 2017

CINCO histórias.
CINCO acontecimentos.
CINCO personagens centrais.
CINCO narrativas diferentes.
CINCO finais.
Apenas UM destino!
5 é um suspense psicológico que levará o leitor a uma experiência extrema através de CINCO histórias narradas através de CINCO formas diferentes e conduzidas a UM único destino. É bom ter desenvolvido nervos de aço.




Planeta Brutal
Editora: Coerência
Ano: 2017

Os eventos que culminaram no Primeiro Dia assolaram a face do Planeta Terra. Com a população reduzida drasticamente e com os efeitos das extinções de espécies e do aquecimento global, os sobreviventes tiveram que se adaptar a uma nova realidade... uma realidade feia, cruel, visceral, BRUTAL.

Em meio ao caos, após ter vivenciado o lado mais horrendo dos remanescentes, uma mulher leva seu pequeno filho pelo deserto sem fim na intenção de encontrar um lugar melhor para sobreviver, mas o perigo espreita pelos cantos e cada passo pode ser mortal. 

Com um ritmo alucinante, “Planeta Brutal” irá te levar a um mundo caótico, com uma trama repleta de reviravoltas através de personagens fortes e marcantes que não têm limites para alcançar seus objetivos.


Os Supremos
Editora: Coerência
Ano: 2018

“… preciso deixar este documento registrado para a posteridade. Hoje sou um pesquisador de fama internacional e reconhecido por ter descoberto o gene ‘supremo’, sobre o qual elaborei uma série de estudos e dediquei boa parte de minha carreira. Graças aos esforços da repórter Marisa Gimenez, todos sabem da existência destes seres poderosos, portadores destas características, que pisam sobre a terra, mas meu estudo está longe de ser completo. Agora, faço parte do projeto ‘Incógnito’, subsidiado pelo governo, o mesmo governo que tentou me calar anos atrás. Ainda não sei o que querem com a minha pesquisa, qual o verdadeiro propósito disto, ou os motivos de supervisionarmos estas pessoas tão extraordinárias. Seja como for, o projeto voltou seus olhos a quatro incidentes separados que envolvem cinco supremos. Estaremos colhendo informações importantes sobre esses pretensos heróis, esses deuses entre nós, aqueles a quem chamamos de [texto ilegível]. Tenho certeza que esta experiência será de grande valia para compreendermos.” – trecho retirado de anotações pessoais do Dr. Arnaldo Negrão.


Antologia Playlist
Editora: Rouxinol
Ano: 2018

Faça sua playlist e ligue o som. Está na hora de se aventurar por vários ritmos musicais em formas de contos, que nos deixam afoitos e inconsoláveis diante de suas intensidades. Não desligue o rádio até terminar, senão perderá todo o encanto que encontrará em cada linha.

Uma antologia organizada pelo autor Raphael Miguel e que pretende surpreender o público com contos inéditos de vários ícones da literatura brasileira contemporânea.









          ENTREVISTA          

1. Como e quando surgiu a ideia de se tornar escritor? O que sua família e seus amigos falaram? Eles te apoiaram?

Com certeza, é uma ideia meio maluca. Acho que nenhuma pessoa em sã consciência, em um país como o nosso, toma essa decisão. Hahaha. Talvez pessoas que já têm um público e tal, mas começar do zero é outro nível, um nível que beira a insanidade.

Digo isso porque temos pouco ou nenhum amparo de quem deveria nos apoiar e muitas vezes essa falta de incentivo aparece até nos círculos de amizades e dentro da própria família.

Não sei se me tornei escritor por opção, às vezes me pergunto se foi isso mesmo. Costumo dizer que foi um processo natural, nada forçado, que surgiu da ânsia em construir um legado. Desde cedo já me interessava pelo lúdico e por construir histórias e enredos. Nada de brincadeiras em que precisava apenas executar uma ação, o que eu gostava era de criar para depois desenvolver. Essa formação foi primordial para me fazer ser escritor.

Na adolescência até ensaiei algumas coisas, escrevi uns textos e poesias, mas tudo acabou se perdendo com o tempo. Foi só depois, bem mais tarde, que comecei a levar esse dom mais a sério. Juntei a necessidade de colocar no papel algumas ideias com a inquietude da vida adulta, a válvula de escape que precisamos para não enlouquecer em uma realidade tão sombria como a que vivemos. Quando dei por mim, já estava escrevendo o que viria a se tornar uma saga medieval de mais de 700 páginas (A Saga de Esplendor, jamais publicada), segui para contos em diversas antologias e trabalhei no embrião de O Livro do Destino.

Não me lembro de ficar dando ouvidos ao que familiares e/ou amigos estavam dizendo sobre o desenvolvimento da nascente carreira literária. Sou do pensamento de que somos os únicos responsáveis por nossos sonhos. Muitos podem dizer “não dá”, podem chamar de “impossível”, caçoar ou rir, mas a valentia de correr atrás de uma meta tem que se sobrepor a tudo isso. O que se pode esperar de alguém que leva muito em consideração o que as outras pessoas dizem?

Não se busca o inalcançável e é claro que existem diferenças entre a idiotice e a obstinação, mas correr atrás de um sonho pode ser solitário no começo. Procurei conselhos de pessoas que estavam verdadeiramente comigo, como minha esposa e irmãos, mas não me passa pela cabeça o que a opinião de alguns “amigos” sobre isso poderia vir a somar. Talvez até diminuíssem minhas ambições e anseios.

Bem, para resumir um pouco, quem trabalha com uma expectativa, com um sonho meio doido, que tem ambição, não pode ficar preso às opiniões alheias. Muitos vão dizer que é loucura e, na verdade, vão estar com a razão. Escrever envolve mais paixão do que razão, é mais emoção do que certeza e é preciso ter aquele minutinho de insanidade, sabe? Aquele instante de “tocar o foda-se” e “meter a cara”. Será que vale a pena? Não sei, ainda não cheguei ao final da história...  


2. Você acha boa a aceitação dos seus livros pelo público? O que acha que pode melhorar?

Penso que pode melhorar, mas não desprezo o que conquistei até aqui. É bem difícil fazer um livro chegar ao grande público, sobretudo em um país com histórico de negligência cultural. Quando olho para trás, vejo a boa aceitação de todos os meus trabalhos, desde o primeiro (O Livro do Destino) até o mais recente trabalho (Playlist). Fico feliz ao constatar que nenhum dos livros que escrevi pode ser considerado um fracasso.

O que me incomoda é saber que já tenho certa bagagem e lutei bastante para chegar até aqui, mas ainda assim é pouco. É verdade que a estrada no mercado literário é cheia de buracos, armadilhas e desvios, e acaba por testar os mais bravos e por separar os menos apaixonados. Acho que o tempo se encarrega disso, mas esse não é principal aspecto. Aquilo que mais me tira o sono é perceber que apesar de tudo ainda existem casos de pessoas que passam por tantas situações, que lutam e são testadas, se mantêm inabaláveis e continuam em uma espécie de limbo do anonimato ou esquecimento.

Hoje, faço parte de um movimento que chamo orgulhosamente de cena alternativa. Por que alternativa? Simplesmente por estar em um circuito que ainda não chegou aos grandes holofotes, que não frequenta os melhores lugares em uma prateleira de livraria, que é paralelo ao grande mercado. Assim como tantos outros grandes autores, luto todos os dias contra o preconceito do grande público contra escritores nacionais “desconhecidos”. A verdade é que gosto de estar inserido nesse meio, amo escrever, adoro ter meu público, mas não posso me contentar com isso. Preciso de mais, tenho que ter ambição. Obviamente, desconheço o dia de amanhã ou o que me reserva o futuro, mas por mais que me familiarize com a cena alternativa, não quero estar nela para sempre, ainda que meus livros sejam bem aceitos dentro dela. Entende?

O que pode melhorar? Muita coisa poderia melhorar para que esse incômodo amenizasse, mas é natural a inquietude. Quero viver de literatura, quero que meus livros cheguem nas mãos de todos brasileiros, voar longe. E sei que para chegar nisso, ainda tenho que ralar muito, derramar meu sangue, suor, lágrimas. Pode até ser que o final seja frustrante, mas preciso me permitir ir até o fim.


3. Sabemos que o meio literário brasileiro não é fácil, principalmente para escritores. Houve algum momento em que você se sentiu desmotivado e quis desistir? Como lidou com a situação?

Desmotivação é natural. Diante de todas dificuldades que existem para os autores nacionais, com as coisas que já vi, com tantas tentativas de rasteira, precisaria ser uma pessoa muito apática e robótica para ignorar tudo e não se deixar desmotivar. Às vezes, dá vontade de passar dias e mais dias na frente da Netflix, ignorando qualquer outro acontecimento ao redor e deixando de lado essa loucura que é continuar a escrever. Murro em ponta de faca, uma expressão que define.

Contudo, há um abismo enorme entre se sentir desmotivado e desistir. Desistir é sinônimo de fraqueza. Quantos autores nacionais surgem de tempos em tempos? Quantos desses acabam por desistir? O que não pode acontecer é sucumbir diante dos desafios. Precisamos manter a cabeça erguida, permanecer no foco e se guiar pela obstinação. Esse é o elemento que difere o vencedor do vencido.

Não, ainda não cheguei ao ponto de sequer pensar em desistir. E espero ter garra para nunca passar por isso.


4. E o que te motiva a continuar?

Obstinação. Gosto de falar sobre isso, né? Hahaha

Ser escritor não é fácil e não existe uma fórmula mágica para se chegar ao topo. As pessoas já menosprezaram minha arte, já encontrei inúmeros obstáculos que me desestimularam, vi pessoas falando horrores sobre mim, tentaram roubar minha atenção, perdi arquivos de livros inteiros, dias obscuros vieram e o amargo na boca me fez pensar e repensar se vale mesmo tanto esforço. Foi então que a obstinação falou mais alto, gritou, urrou. É o jeito de fazer o mundo saber que alguém destemido está se destacando.

Para isso, uma coisa que me ajuda muito é parar e pensar no quanto consegui tocar as pessoas com minhas histórias, quantas pessoas leram meus escritos, quantos outros colegas motivei. Se quero ter um legado, não posso parar ou estacionar, nem negar aquilo que sou ou já fui.


5. Como você se sente recebendo tantas críticas positivas sobre seus livros?

Todo meu trabalho é recompensado quando vejo que as pessoas comentam e discutem sobre meus livros. Acho que não faria sentido escrever para mim mesmo, enfiar tudo em uma gaveta ou manter no computador. Hahaha

É muito bom, gostoso demais perceber esse carinho do público. Como disse antes, quero crescer e essa boa aceitação é peça fundamental para manter queimando a chama do sonho que tenho. Só posso agradecer as oportunidades que as pessoas me deram ao comprarem meus livros, ao comentarem, indicarem e discutirem.

O que sinto ao receber esse incentivo? Sinto que estou acertando ao menos em alguma coisa.


6. O que podemos esperar de lançamentos e novidades para os próximos meses? Quando teremos em mãos a continuação de um certo romance ao mesmo tempo ácido e doce?

Hahaha Gostei da referência. Sem dúvida alguma, Ácido & Doce ainda é o livro mais importante e de maior relevância em minha carreira. Não digo isso apenas por ter sido bem premiado em 2017, mas ele me fez chegar a mais leitores, ganhar mais destaque, mostrar minha versatilidade e também expandir os horizontes. Provavelmente, muito do que conquistei na sequência veio como desdobramento do que foi Ácido & Doce. Chego a pensar que se ele não tivesse sido bem aceito, não teria lançado ao menos três dos livros seguintes: Planeta Brutal, Cinco e Os Supremos. Então, devo muito ao que foi Ácido & Doce e aos leitores que amaram o livro.

Minhas intenções para a franquia são grandes, tenho muitas ambições e planos, mas preciso manter o pé no chão. Sei que já em 2017 cravava a continuação como certa, mas por conta de tantos projetos, tive que adiar um pouco isso. A verdade é que a continuação tem até nome, Ácido & Doce: A Flor Suicida, já está pronto e apenas aguardando negociações que estou tendo para publicá-lo. Gostaria muito de cravar uma data ou anunciar para o segundo semestre de 2018, mas isso poderia ser apenas falácia, já que não tenho certeza. Uma coisa é certa, Ácido & Doce: A Rosa Fatal foi apenas o começo e os próximos capítulos vão surpreender.  Ácido & Doce: A Flor Suicida vai sair!

De certeza quanto ao futuro, muito em breve, provavelmente para já depois da Bienal, estará sendo publicado mais um livreto, semelhante ao que foi o Cinco. Esse livreto se chamará #Drama e vai ser uma coletânea com quatro contos de minha autoria, é quase que um presente para quem me acompanha. Fora isso, também tem várias antologias em que participo chegando, inclusive um especial com data de lançamento para outubro.

Existem outros projetos que dependem de fatores que fogem a mim, mas gostaria muito de expandir Os Supremos para 2019, talvez Os Supremos 2, quem sabe? Depende mais da recepção do público. Hahaha E também, de trabalhar novamente no universo de Planeta Brutal, além de relançar O Livro do Destino, Cinco e nova edição do Ácido & Doce: A Rosa Fatal.

O que não falta e vontade de continuar e progredir sempre.


Quero agradecer ao Raphael por ter topado participar desse nosso projeto e desejar muito sucesso na carreira. Talento você tem de sobra, que bons ventos soprem a seu favor! :D

Confiram os autores que já passaram pela nossa Estante:


Gostaram? Não esqueçam de indicar para os amigos autores, quem sabe eles não apareçam por aqui, não é mesmo?

1 comentários:

  1. Ótima entrevista. Já li O livro do destino e tenho o Ácido e Doce aguardando na prateleira pela vez dele. O Raphael Miguel é uma inspiração pra mim que também estou nessa luta, já estreamos pela Chiado, ele quem me indicou a Xeque-Matte e seguimos na luta.
    Desejo todo sucesso para esse grande autor e parabenizo os blogs envolvidos por esse apoio à literatura nacional
    Abraços

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