Resenha: Mosquitolândia

Título: Mosquitolândia
Autor: David Arnold
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
Ano: 2015


"Sou uma coleção de esquisitices, um circo de neurônios e elétrons: meu coração é o dono do circo; minha alma, o trapezista, e o mundo, minha plateia. Parece estranho porque é estranho, e é estranho porque sou estranha." P. 47






Mary Iris Malone, ou Mim, não está nada bem. De uma hora pra outra ela viu seus pais se separando e tudo virar de cabeça para baixo na vida dela.
Teve que se mudar de Ohio para Mississippi e morar com seu pai e sua madrasta, que por sinal ela odeia.
Também nesse tempo Mim passa a ser obrigada a se medicar, o que só contribui para toda sua revolta.

Quando é chamada na diretoria da escola e está chegando perto da porta, ela acaba escutando uma conversa e descobrindo que sua mãe está doente, e esse foi o start para ela pegar algumas coisas
e embarcar em um ônibus para vê-la.

"Desejo que desejar fosse o bastante, mas não é.

Às vezes, você precisa de alguma coisa." P. 55

Durante sua viagem, Mim passa por diversas situações, conhecendo pessoas que, bem ou mal, não serão esquecidas, uma delas é Walt, um menino que, de início, não sabemos muito bem se ele é confiável até entendermos sua personalidade e inocência. Ele é o responsável por mostrá-la um novo modo de ver o mundo.
Pouco tempo depois também conhecemos Beck, que é um dos caras mais fofos do universo dos livros.

"Durante toda a vida estive em busca do meu grupo e, durante toda a vida, só encontrei o vazio. Em algum momento, não sei quando, aceitei o isolamento. Eu me encolhi em posição fetal e aceitei uma vida de observações e teorias, o que não é viver de verdade. Mas, se momentos de conexão com outro ser humano são tão raros, como foi que me conectei tão rápida e profundamente com Beck e Walt? Como é possível ter criado com eles, em dois ou três dias, uma relação mais profunda do que com qualquer outra pessoa em dezesseis anos? Passei a vida escalando encostas, vasculhando os quatro cantos da Terra, procurando desesperadamente algum outro ser humano que me entendesse. E acho que, se conseguir encontrar isso, vou encontrar meu lar." P. 256

Os capítulos são alternados com cartas escritas de Mim para Isa, que não entendemos direito quem é, mas são reflexões muito interessantes. Enquanto isso, Mim, Beck e Walt formam um dos trios mais interessantes que você irá conhecer, transbordando amizade e amor.

Em Mosquitolândia sempre tem algo acontecendo, mas o autor consegue trabalhar todas as situações sem parecer que está apenas jogando informação para o leitor. Tudo aqui se encaixa lindamente com essa protagonista desinibida e autêntica.

"Abro os olhos. Ou olho. E estou cheia das coisas como são, da minha coleção de esquisitices, minha noção de profundidade limitada, como se não bastasse ver apenas metade do mundo, parece ser sempre a metade errada." P. 284


Sempre via o Victor do Geek Freak mencionar esse livro e nunca dei muita bola, até vê-lo na bienal por 5 reais no estande da editora. Claro que trouxe pra casa e fui ler pra saber o que esse livro tinha de tão especial.
Posso começar elogiando a escrita do David e a descrevendo como poética. Seus personagens são extremamente bem construídos e característicos, não tem como confundi-los ou não criar algum tipo de afeto por Mim, Walt e Beck.
A relação de amizade escrita aqui dá até um quentinho no coração, sabe? É um livro que aborda alguns temas pesados, mas de forma leve e que te faz não querer parar de ler tudo de uma vez só.

NOTA 4

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